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quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Ouçam essas palavras


"O HOMEM É CAPAZ
O homem pode levar a agricultura ao mar. O homem pode criar vegetais que vivam com água salgada. A força da humanidade se concentra no essencial. É incomensurável. Ali estão as mais portentosas fontes de energia. Que sabemos da fotossíntese? Quase nada. A energia no mundo sobra se trabalharmos para usá-la. É possível extirpar toda a indigência do planeta. É possível criar estabilidade e será possível às gerações futuras, se lograrmos começar a pensar como espécie e não só como indivíduo, levar a vida à galaxia e seguir com esse sonho conquistador que nós, seres humanos, levamos em nossos genes.
Mas para que todos esses sonhos sejam possíveis, necessitamos governarmos a nós mesmos ou sucumbiremos porque não somos capazes de estar a altura da civilização que fomos desenvolvendo.
Este é nosso dilema. Não nos entretenhamos apenas remendando consequências. Pensemos nas causas de fundo, na civilização do desperdício, na civilização do use-descarte que o que está descartando é tempo da vida humana mal gasto, derrotando questões inúteis. Pensem que a vida humana é um milagre. Que estamos vivos por milagre e nada vale mais do que a vida. E que nosso dever biológico acima de todas as coisas é respeitar a vida e impulsioná-la, cuidar dela, procriá-la e entender que a espécie é a nossa gente.
Obrigado."

Trecho do discurso do presidente do Uruguai, Mujica, na Assembléia Geral da ONU, em 24 de dezembro de 2013.
Tradução: Rogério Beier

3 comentários:

Léa disse...

Esse cara é um grande exemplo! Pergunto-me como alguém com esses pricípios, e tão ético, conseguiu sobreviver na política.

Lu Falcoa disse...

Pergunto-me a mesma coisa... e espero que ele continue sobrevivendo! rs

Sol Mascarenhas Neves disse...

"Mujica, teórico da transição pós-capitalista? Em entrevista inédita no Brasil, presidente uruguaio debate causas do fracasso do 'socialismo real' e afirma: para superar sistema, é preciso começar pelo choque de valores. Cada vez mais popular tanto nas redes sociais como na mídia tradicional, o presidente do Uruguai, Pepe Mujica, arrisca-se a sofrer um processo de diluição de imagem semelhante ao que atingiu Nelson Mandela. Aos poucos, cultua-se o mito, esvaziado de sentidos — e se esquecem suas idéias e batalhas. Por isso, vale ler o diálogo que Pepe manteve, no final do ano passado, com o jornalista catalão Antoni Traveria. Publicada no site argentino El Puercoespín, a entrevista revela um presidente que vai muito além do simpático bonachão que despreza cerimônias e luxos."

http://www.pragmatismopolitico.com.br/2014/01/mujica-comenta-fracasso-socialismo-real.html